Declaração
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Declaração

Jun 01, 2023

Nossos graciosos anfitriões, Ayush e os ministros da saúde da Índia e do Governo do Estado de Gujarat;

Colegas da OMS da sede e das nossas regiões;

Delegados de todos os cantos do mundo.

Citando Mahatma Gandhi – o pai da Índia moderna – um homem cujas palavras continuam a inspirar: “Namra tareeke se aap duniya ko hila sakte hai” – “De uma forma gentil, você pode abalar o mundo”.

Depois de apenas 2 dias aqui em Gandhinagar – a cidade que leva o nome do Mahatma – penso que não é exagero dizer que todos nós, juntos, agitámos suavemente o status quo que, durante demasiado tempo, separou diferentes abordagens à medicina e saúde.

Ao apontarmos para os silos, estamos a dizer que iremos colaborar ainda mais para encontrar formas óptimas de colocar a medicina tradicional, complementar e integrativa [TCI] bem sob a égide dos cuidados de saúde primários e da cobertura universal de saúde.

Colaborações sustentadas pela ciência, evidências e segurança; colaborações que reconhecem o papel real que a medicina TCI desempenha na vida, na saúde e no bem-estar das pessoas em todo o mundo. Saúde e bem-estar alcançados através dos princípios de equidade, acessibilidade e qualidade.

Nestes 2 dias explorámos modelos inovadores que combinam medicamentos modernos com diversas formas de medicina tradicional, complementar e integrativa. Modelos que resistem aos rigores do estudo e da pesquisa científica.

Apelámos a políticas que promovam a documentação padronizada da medicina tradicional e acelerem a utilização da Classificação Internacional de Doenças ou CID-11– permitindo assim uma integração perfeita e a geração de dados comprovados nos sistemas de informação de saúde de rotina.

Reiterámos o quão crucial é obter melhores evidências sobre a eficácia, segurança e qualidade da medicina tradicional e complementar – o que significa metodologias inovadoras para avaliar e avaliar os resultados.

Os ensaios clínicos controlados podem nem sempre ser viáveis ​​aqui – mas, da mesma forma, o mesmo se aplica a muitas intervenções na medicina moderna e na cura, por exemplo, psicoterapia e certas formas de cirurgia.

Mas o que precisamos é de uma melhor recolha de dados – de implementar os princípios básicos para podermos beneficiar melhor da medicina tradicional e complementar. Numa sessão esta manhã, um praticante de medicina tradicional do continente africano, sentado na plateia, apelou justamente por isto – por melhores dados. Ela reconheceu que quando os dados não existem, torna-se muito mais difícil para as terapias e modalidades da medicina tradicional serem levadas a sério pela fraternidade médica em geral.

Discutimos também como as aplicações digitais de saúde e inteligência artificial podem estar ao serviço da medicina tradicional. Neste contexto, salientei que, embora esta tecnologia seja um factor de mudança para a saúde como um todo, a transformação digital da saúde significa utilizar melhores dados para melhor informar as decisões; e, não menos importante, garantir que a tecnologia não deixe para trás populações já vulneráveis ​​– a equidade deve guiar-nos em tudo o que adotamos e implementamos.

Depois, a questão por vezes controversa da regulamentação de profissionais, práticas e produtos; regulamentação, não para colocar a medicina moderna contra a medicina tradicional, mas para beneficiar verdadeiramente de todas as modalidades, evitando danos, abordando questões de segurança e – não menos importante – gastos desnecessários de dinheiro. Lembre-se – acesso e acessibilidade.

Finalmente, algo que me marcou em todas as discussões que ouvi – a necessidade de respeitar uns aos outros – respeitar a tradição, o profissionalismo, as práticas. Também esta manhã, outro delegado de África – um curandeiro – fez um apelo apaixonado à OMS para que defendesse junto dos governos e ministérios que levassem a medicina tradicional a sério, proporcionando aos verdadeiros profissionais o respeito que tanto merecem. Ao fazê-lo, este senhor reconheceu o papel importante que a OMS desempenha na definição da agenda global da saúde – uma responsabilidade que todos nós na OMS levamos muito a sério.